Resumo: A fotografia surgiu no século XIX para atender as demandas do ideal industrial e moderno. De lá para cá, porém, muitas transformações alteraram a sua configuração. Inicialmente exclusividade burguesa, a fotografia, que pretendia ser uma arte aurática e determinada pelos padrões pictóricos precedentes, foi aperfeiçoada, popularizou-se e começou a retratar também aqueles estratos sociais marginalizados a partir de padrões retóricos ainda influenciados pela pintura, mas já melhor adaptados às potencialidades oferecidas pela nova técnica. A pose, os cenários e as roupas, por exemplo, que inserem o indivíduo numa clara ficcionalização desde Disdéri, já colocavam a concepção da fotografia como ferramenta ideal de captação objetiva da realidade empírica em xeque desde o século XIX. Com o surgimento do retoque, então, o rosto imperfeito captado pela câmara podia ser “maquiado” com tintas e o sujeito comum podia ser transformado pela fotopintura em um elegante senhor de terno ou em uma dama com um belo vestido estampado. Contudo, a credibilidade da imagem fotográfica continuava imperando. A fotografia que entrou no século XX cada vez mais acessível passa a compor uma nova visualidade apenas na sua segunda metade, quando o paradigma pós-moderno nasce e as imagens se veem finalmente livres da dependência àquele realismo anacrônico. A nova imagem, virtual e pixelizada, além de essencialmente híbrida e manipulável, permite excluir o que incomoda e acentuar o que agrada de modo a construir a melhor imagem de uma pessoa. Bem, algo semelhante já ocorria naquelas produções tradicionais da fotopintura produzidas desde o século XIX e disseminadas no Nordeste brasileiro durante o século XX, não? Agora, porém, é preciso fazer algo para que a fotopintura não seja extinta pelo Photoshop. É justamente com esse objetivo que o Mestre Júlio Santos, um dos grandes expoentes do ofício percebe que, apesar dos avanços tecnológicos, a idealização do retrato permanece viva e, portanto, a fotopintura encontra espaço para permanecer viva. Através de uma revisão bibliográfica que vai de Benjamin à Lury, percorrendo caminhos por Barthes, Bourdieu, Kossoy, Fabris e muitos outros, a fotopintura do Mestre Júlio Santos é posta à luz, onde se consegue ver sua adaptação e atualização aos novos tempos.
Leia o texto completo aqui.
Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda. Por: Alexandre Heverton Maia Lima. Orientador: Prof. Dr. Silas José de Paula. Fortaleza, 2013.