Mestre Júlio traz ao Tocantins memórias em obras de arte

29 de julho de 2011

Quem não se lembra daquelas imagens que perduram em nossa memória? Aquela fotopintura expressiva do casal ou da família inteira, comum no interior na sala das casas antigas do nordeste brasileiro. Uma arte popular e tradicional que perdeu espaço com o processo de digitalização da fotografia, se renovou e ganhou destaque nas mídias do Brasil e no mundo através do mestre da Fotopintura, o cearense Júlio dos Santos, 67 anos, mais conhecido como mestre Júlio. A repercussão de seu trabalho ganhou documentário de produtores de renome nacional, gerou livros, notícias em jornais e revistas do Brasil e até do exterior. Em sua visita ao Estado, por meio de sua participação na Feira Literária Internacional do Tocantins, mestre Júlio falou mais sobre sua trajetória.

Uma profissão bastante presente no nordeste brasileiro, principalmente no sertão cearense, os fotopintores foram desaparecendo por vários motivos, como a modernização da fotografia, mas mestre Júlio conta uma história de superação e lição de vida. Aos 12 anos ele aprendeu a técnica no estúdio de seu pai. Com sua dedicação à arte da pintura de retratos tornou-se um dos mais renomados profissionais do segmento no Brasil. No entanto, em 1995, foi à falência com o fechamento da oficina herdada pelo pai. “Eu me vi falido e sem saída. Tive que partir para a sobrevivência. Foi quando tive meu primeiro contato com o computador e tive que aprender a fazer o trabalho me adaptando a novos sistemas”, diz mestre Júlio. Com um exemplo de superação, ele compartilha verdadeiros conselhos e lições de vida. “Deus deu ao homem a oportunidade de se renovar e de melhorar todos os dias. Ao dormir ele morre e ao acordar ele tem inúmeras possibilidades pela frente, pois ele nasce de novo. Cada novo dia é um recomeço”, diz o mestre.

Com esta dedicação, mestre Júlio realizou um feito inédito, substituindo a técnica artesanal da fotopintura pela ferramenta Photoshop, renovando e perpetuando esta arte tradicional. Atualmente mestre Júlio produz em seu próprio ateliê, Áureo Studio, em Fortaleza (CE) e nele atende pedidos feitos por pessoas do interior dos estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Paraíba, Bahia e Tocantins, principalmente com a restauração perfeita de fotos antigas.

Recentemente ele expôs suas obras em uma feira na China e seu trabalho foi parar no “New York Times”, resultado de uma fotopintura que produziu a pedido de um americano. Além disso, percorre o país promovendo palestras e ministrando oficinas para a formação de outros profissionais. Sua vocação, sua habilidade técnica, seu vasto conhecimento químico e histórico da fotografia e, sobretudo, seu amor em ampliar e preservar a memória afetiva, através da fotopintura, faz com que seu livro seja relevante fonte de pesquisa para a história da fotografia.

Presença na FLIT

Nesta semana, mestre Júlio participou da Feira Literária Internacional do Tocantins e lançou o livro “Júlio Santos – Mestre da Fotopintura” no Café Literário, e ainda está realizando um workshop de fotopintura na sede do Senac/Palmas, com a última etapa da oficina a ser realizada nesta sexta-feira, 29, a partir das 14 horas.

Pela primeira vez no Estado, mestre Júlio disse que ficou impressionado com a dimensão do evento. “Não esperava encontrar um evento desse porte e confesso que fiquei apaixonado pela cidade”, afirma, acrescentando ainda que esteve em vários Estados, mas nunca teve uma recepção tão calorosa. “Fiquei muito impressionado com a recepção das pessoas e do público, inclusive do próprio Governador, uma pessoa amável e muito humana”, declara.

Após o lançamento em Recife, São Paulo e Rio Grande do Sul, seu livro agora seguirá para o Pará.


Originalmente publicado em Secretaria de Comunicação do Tocantins, 29 de julho de 2011. Texto: Jarlene Souza; Colaboração: Cleide Veloso; Foto: Adilvan Nogueira / Secult.

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